segunda-feira, 7 de março de 2011

Dia 10 - Rumo a Salvador

No passeio do dia anterior vimos uma placa convidativa: "Salvador 300Km via Ferry Boat", já estávamos ali, tínhamos tempo, e não muito dinheiro, mas chegar tão perto e não ir até lá era não fechar a viagem com chave de ouro.

Então era hora das despedidas, ao Vesúvio e ao Jorge Amado.


Seguimos direção norte, no caminho algumas placas engraçadas:











A estrada entre Ilhéus e Camamu é nova em folha, e em certo ponto ela encontra uma serra com um mirante sensacional, onde tivemos que parar para tomar uma água de coco e tirar umas fotos, a paisagem mais bonita da estrada, segundo os próprios moradores locais.





E pé na estrada que ainda falta é chão até Itaparica.








Chegando em Camamu






No dia anterior uma das maçanetas de vidro quebrou, geralmente eu sempre carrego uma de reserva, só que a que estava no carro já era a reserva, como é uma peça simples, esperava encontrar uma loja de peças pelo caminho, achei uma onde tinha um par de maçanetas originais, empoeiradas pelo tempo de guardadas, herbie virou atração na loja que ficava ao lado de uma oficina, veio até o mecânico perguntar se o carro era 1600 porque eles não acrecitam que alguém consiga viajar pra tão longe com um modesto 1300.






Mais piadas, é por isso que a gente não vai pro céu... ô boca



A cidade tem um núcleo histórico bem interessante.




Mais estrada, sempre seguindo rumo ferry.

Uma raridade no caminho, um Gurgel picape, será que tem salvação?
Lugar agitado, tem até corrida de motocross.

Um posto BR novinho no caminho, parada estratégica.
Mais um rio, muitas pontes pelo caminho. E em cada uma delas, pelo menos nas mais importantes, uma cidade.

Postes estilosos, já vi algo parecido aqui no Rio, seria sobra de estoque?

Saindo de mais uma cidadezinha.

Aumenta também o tráfego de caminhões, a maioria vazio e correndo feito alucinados ,o melhor foi deixar eles irem na frente, são um bom para-raio de maluco, era melhor alguém na contramão dar de cara com um basculante do que com um Fusca.

Sempre que vou à Bahia (como se fossem muitas...rs) dou de cara com uma festa trancando a estrada, foi assim em 2007 e agora de novo, chegando em Taperoá, logo depois dessa foto, virando uma esquina demos de cara com um trio elétrico fechando a passagem e a cidade em peso na rua, era a festa do padroeiro da cidade, São Brás, nem deu pra fotografar, já que precisávamos sair dali o mais rápido possível pra pegar o ferry antes das seis, eles estacionaram bem na praça principal da cidade, por onde obrigatoriamente teríamos que passar, ainda bem que conseguimos contornar a praça, senão teríamos perdido um tempo enorme, até porque fomos descobertos quando alguns foliões começaram a gritar "olha o carioca aí!" quando viram as placas do carro.

Cidadezinha muito interessante, erramos umas duas vezes o caminho pra sair, mas o que tinha construções histórica no lugar merece uma nova visita, sem trio elétrico por favor.
Mais um rio fazendo divisa entre os municípios, agora chegávamos em Valença, cidade importante, como veremos adiante.

Chegando a Valença, cidade com muitas construções históricas, mas também com muitos problemas, a poucos dias o prefeito da cidade teve que se refugiar em Salvador por conta dos protestos dos moradores contra a insegurança na cidade.
Confesso que não vi nada assim tão inseguro, mas a cidade tem um comércio bem intenso, até porque ela é uam espécie de porta de entrada do Reconcavo e pelo fato de ter a rodovia junto ao rio se torna um importante entrocamento comercial.
Vista da beira do rio


Parada em Valença pra almoçar, num quiosque na beira do rio, vendo os barcos que partem para Morro de São Paulo.




Pegando a estrada de novo, e herbie chamando a atenção com suas placas do Rio de Janeiro.



Já depois da ponte saindo da cidade.
Passando por Nazaré das farinhas


Depois de Valença a estrada piora bastante, com o asfalto muito remendado e alguns trechos em obras de recapeamento, quem sabe daqui a algum tempo ela esteja em melhores condições, mas no momento muito ruim, recomendo cautela a quem for passar por lá.






Obras e alguns trechos com siga e pare alternando a mão de direção, o povo, muito "educado", cortando pelo acostamento no afã de chegar logo no ferry, encontrei a maioria na fila pra ir no mesmo barco que eu.



Chegando a Vera Cruz, na Ilha de Itaparica


Chegando no ferry, a fila até que estava pequena: ficamos esperando "só" uma hora e meia pra embarcar.











O lugar é enorme, um misto de de estação rodoviária e cais.


Sei...

Começamos a andar, mas como a coisa é muito "organizada" nunca sabíamos se íamos entrar ou não naquela viagem, então fomos fazendo vários filminhos curtos...












Acabou que na hora de entrar acabou o cartão de memória da camera (de novo!), ainda bem que tinha um reserva.



Chegando a Salvador, pouco antes de atracar.



Finalmente chegamos a Salvador, saímos meio perdidos, de noite, tomamos o rumo errado e fomos parar dentro de um bairro popular, com muita gente nas ruas, não era o caminho certo mas segui a regra de quando se está perdido, retome até o primeiro lugar conhecido por onde passou, o que me levou para "baixo", em direção ao bairro Calçada (é esse mesmo o nome), de onde segui para a Cidade Baixa, sempre beirando a orla, passando de novo pelo ponto de desembarque do ferry (que estava com uma fila enorme, era sexta-feira. Por ali eu conhecia e não tinha erro até chegar ao Rio Vermelho. Lá estava totalmente engarrafado, e os hotéis onde pretendíamos nos hospedar lotados, resolvi seguir adiante e achei um muito bom, logo ali do lado, em Amaralina, e por um preço melhor ainda.

E fica uma dica para quem for fazer o caminho por Itaparica, é direto até o fim da estrada, não entre em lugar nenhum, apesar da falta de placas indicativas é só seguir a principal, existem umas duas rotatórias antes, com indicação de "terminal" não entrem, é o terminal de passageiros, o lugar onde embarcam os carros é no final da estrada mesmo, onde pretendem construir uma ponte para ligar Itaparica a Salvador, se isso acontecer a região vai virar um subúrbio da capital, o que pode destruir a região, o problema é que como tudo que a máfia da construção civil põe os olhos, mais cedo ou mais tarde vai sair, a Odebretch defende apaixonadamente a obra, apesar do patriarca da empresa ter dito que a obra era "impossível", mas seu filho jura que é viável, e, junto com o atual governador Jacques Wagner, fazem planos para a copa de 2014 incluindo essa ponte, na visão jocosa dos baianos, se ela sair vai ficar assim:


Clique pra ampliar

sexta-feira, 4 de março de 2011

dia 9 - Olivença

Tiramos o dia para fazer passeio a pé, a cidade estava toda ali, não fazia sentido tirar o carro de onde estava, e eu também estava cansado de ficar dirigindo, andar um pouco ia nos fazer bem.

Começamos visitando a pequena igreja de São Jorge dos Ilhéus, em estilo colonial, perfetamente conservada.


Passamos em frente a Casa de Jorge Amado, onde realmente o escritor morou em sua infância e juventude, hoje é uma fundação cultural, aliás, é interessante notar que das cidades baianas por onde passei, essa era a única que me lembre que tinha um cinema antigo, de rua, que virou centro cultural também inclusive com peças teatrais, fruto da influência de Jorge Amado, ou seria resultado da riqueza do cacau que fazia que os barões mandassem seus filhos nos melhores colégios e quando estes voltavam traziam consigo a bagagem cultural e as idéias da metrópole? O resultado é que Ilhéus tem uma particularidade que você percebe ao andar nas ruas, elas são limpas, o povo é educado, fala baixo, um contraste que só pode ser devido à essa influência.


Comprando uma água de coco num desses curiosos quiosques redondos que ficam ao longo da orla, de noite a parte de cima abaixa e ele fecha parecendo um ovo, muito interessante.

A famosa boate Bataclan, eternizada nos livros de Jorge Amado, a boate fechou há decadas, o prédio abandonado virou centro cultural e foi restaurado.

A área toda está bem preservada formado um conjuto arquitetônico bem interessante.


Voltando ao centro da cidade, pasando pela rua do fórum indo em direção a prefeitura encontramos essa estátua, que fotografei para mostrar que só existe inverno em Ilhéus dessa forma, porque o calor é o ano todo.


Um mapa completo da cidade e seus pontos de interesse.



Esses ângulos sob o céu da Bahia são uma coisa, na foto a fachada da prefeitura.


Depois de caminharmos bastante pelo centro resolvemos pegar Herbie e dar uma voltas pelas praias, começando pelas praias do Sul, fomos em direção a Olivença.






Mais palhaçadas a bordo, embasbacado com a beleza do lugar.




Rendição total, só voltei pra casa porque sou responsável, senão ainda estava por lá.




O lugar é lindo, uma combinação de falésias com praias com rochas e a estrada passando pelo meio disso tudo.

Aqui é onde ficam as casas dos ricos que vem de todos os lugares do país, o presidente da Organização Globo, o Roberto Irineu Marinho, tem casa por aqui, casa é eufemismo, o sujeito tem uma mansão milionária, e está liderando uma agressiva campanha contra a implantação do Porto Sul, um complexo offshore de exportação de minérios e mercadorias a ser instalado na Ponta da Tulha, no litoral norte, teoricamente não afeta a paisagem que ele vê na janela, mas na verdade o que a Globo é contra o desenvolvimento da região, que virou pasto de ricos proprietários de terras com suas mansões fechadas e seus empregados pagos a troco de pinga.

O porto e a ferrovia que virá com ele poderão ser a virada que a cidade precisa para se desenvolver. Gosto muito de viajar, mas o turismo na concepção de certas pessoas é manter as coisas como estão, privando as pessoas desses lugares de terem o desenvolvimento que o resto do país vem recebendo, são esses grupos, que visam apenas seus interesses pessoais, junto com preservacionistas de araque e oportunistas de todo tipo - especuladores imobiliários, empresas de hotelaria - todos em busca de terreno barato e mão-de-obra semi-escrava,

Com todos os prós e contras o Porto Sul hoje é uma realidade, no momento que escrevo essas linhas as desopropriações na Ponta da Tulha começam a ser feitas, o futuro dirá se foi um bom negócio para a cidade, mas da maneira como vem sendo projetado, esqueçam o esperneio da Globo, poderá ser uma virada de página na decadência que começou com a "vassoura de bruxa", praga que destruiu os cacaueiros nos anos 80, até mesmo essa cultura está voltando aos poucos, com um trabalho consistente da Embrapa junto com os produtores e o governo, já conseguiram um aumento de produção de 30% no último ano, essa retomada da produção de cacau, feita em bases modernas, também poderá ser uma retomada econômica da costa do cacau.

Olivença, intocada, sua beleza é impar, outro daqueles lugares que pararam no tempo.



A pequenina igreja de Nossa Senhora da Escada

Um pouco da história da igreja (clique na foto pra ler)

E também a história do lugar. Lá é uma estância hidromieral, essa eu não sabia.


Uma Bharmacia Homeotípica, é assim mesmo que escreve...


...uma farmácia diferente...

.. com garrafas e mesas, um lugar para curar o mau humor e o baixo astral


Escolhendo o que levar, difícil... escolhi uma feita a base de coco, leia-se cachaça curtida dentro do coco, para beber gelada, uma delícia, e pega mesmo, basta beber um copinho e se você não tomar cuidado vai ver o mundo girar, mesmo.

E lá vamos nós de novo pra estrada




Um pouquinho de sombra pra apreciar a paisagem


Estrada bem sinalizada.
De um lado coqueirais, e palmeiras de dendê,

do outro piçarras e a praia deserta

E mais coqueiros
Sentamos em um restaurante e pedimos um peixe, e uma cervejinha porque ninguém é de ferro, veio um peixão frito enorme, nem lembro mais qual era, mas estava muito bom.

Difícil descrever tudo isso, uma restinga, barra de rio, praia de rio e ao fundo o mar.




Vamos andar mais um pouco? Agora direção norte, mais praias desertas.


Voltando passando em direção à ponte para seguir em direção norte encontramos as praias junto à foz do rio, uma delas é a Maranata, onde existe um museu dedicado à vida marinha, eles também possuem um trabalho social voltado para as crianças carentes, muito legal.




Praia do Cristo, bem na foz do rio, e mais uma estátua do "nosso" Cristo espalhada pelo nordeste.

Momento ferrugem, vamos ver quem sabe que carro é esse, uma pista, é feito de chapa e não de fibra.

É um prédio com uma imensa chaminé? Não, é o caganeira flutuan.. ops, MSC Música, atracado no cais de Ilhéus.
Estávamos atrás de uma igreja que tínhamos avistado no dia anterior, em estilo gótico, ela dominava uma parte da cidade, dava pra ver do hotel onde estávamos, depois de umas indas e vindas conseguimos achar o caminho certo, valeu a pena, olha só a vista que tínhamos lá de cima (clique na foto pra ampliar).
O MSC mesmo á distância é um monstro, e não é dos maiores transatlanticos que estão viajando pelo litoral do país.

Um palacete abandonado, a vista que se tinha do alto daquela varanda devia ser uma coisa.


A igreja e convento de Nossa Senhora da Piedade, uma igreja em estilo gótico, impressionante vista de perto.


Seguindo para as prais do norte uma tentação que nos fez parar.

A Fábrica de Chocolate de Ilhéus, o chocolate mais puro que já vi, um absurdo de gostoso.


Chocólatra aloprado atacando a decoração da loja

Dentro da loja

Rumo às praias do norte, depois de tomar um chocolate gelado delicioso (já tinha tomado outro na lojinha da fábrica junto ao hotel quando saímos de manhã), e já começando a ter idéias sobre os próximos passos da viagem.




O terrorismo de butique do pessoal da Globo contra o Porto Sul nas placas da BA-001 em direção a Itacaré
Asfalto novo e placas indicativas legíveis.

Esse trecho entre Ilhéus e Camamu é novo, não constava nos mapas que levávamos, datados de 2007, nesse ponto era a entrada para a Praia da Jóia, um lugar muito bonito, quase selvagem, pelo tamanho dos bares imagino o que deve ser aquilo no carnaval.



Um vídeo do lugar, tirando o idiota com o som alto, um lugar é maravilhoso.



Voltando pra Ilhéus, já de noite, o naviozão ao fundo iluminado dentro da noite.

E assim terminou mais um dia na Bahia, mas não a viagem, logo teremos mais um post, é que demora um pouco pra organizar as informações links, e principalmente subir os vídeos do youtube, os maiores tomam mais de uma hora, mas prometo que até o fim do carnaval toda a história dessa viagem estará contada, até porque logo vamos começar outra, quem sabe?